Palestra para o
Lançamento do livro O Descanso do Homem
Boa noite.
Um
muito obrigado a todos!
Ah! Sou o autor do livro que está aí... O Descanso
do Homem. Contos. Quero conversar com vocês por uns
15 minutos. Só isso. Se eu passar do tempo, por
favor, façam alguma manifestação popular que me
pare. Daí eu paro.
Alguns livros já foram vendidos. Recebi vários
e-mails sobre ele ou partes dele. Fascinantes!
Uns gostam e muito. Outros não. Interpretam tudo de
muitas maneiras. Uns acham que eu poderia escrever
sobre auto ajuda. Imagine! Por aí vai a coisa.
Procuro responder a todos e já gosto de todos. Bom
que usam o tempo, essa coisa tão nobre, para me
contar o que viram, acharam. Uma honra.
Mas as perguntas principais são:
1
– Porque O Descanso?
2
-- Porque a Aventura? ... Descanso e aventura
juntos?
3
– Como eu vejo o livro?
Vamos começar pela terceira.
O
livro O Descanso do Homem é a minha declaração
pessoal por escrito que creio que a vida é uma
grande aventura. Vida e aventura são quase
sinônimos. Todos nós aqui somos aventureiros dos
bons... Uns mais conscientes, outros nem tanto.
Podemos até a pensar que Deus criou a aventura e nos
colocou nela! É positiva.
Lembro-me do meu batismo de fogo na aventura da
vida... Eu era muito pequeno. Nem me lembro bem do
antes daquele dia. O mundo era a casa ali na
Marechal Floriano, 612... Uma casa enorme, bonita,
antiga. Um dia eu abri a porta do mundo. Havia uma
sala que dava para um corredor e depois deste, a
rua. Abri, caminhei pelo corredor, olhei lá fora e
saí no mundo. Fui em direção centro. Andei muito,
muito. Cheguei até ao Largo da Ordem! Eu vi com
estes olhos, carroças e os cavalos bebendo água lá
no bebedouro. Depois de um bom tempo e muitas
voltas, voltei e vi uma outra cena... Minha mãe "chilicada"
num canto e meu pai exibindo uma cinta de couro na
mão. Apanhei. Bem, cedo a gente aprende que a
aventura tem suas implicações. Faz parte do menu.
Imagine agora se pudéssemos convidar cada um aqui
para um cafezinho, um papo e perguntar: como tem
sido sua aventura, sua vida até aqui? Faríamos
amigos para a vida inteira e escutaríamos histórias
maravilhosas. Contaríamos a nossa também. Que honra
ouvir e contar aventuras de vida.
Assim o livro declara que a vida é uma aventura e
mais. Que nessa aventura há um longo caminho
pontilhado de ENCONTROS. Lança a idéia que encontros
são uma necessidade fundamental do ser humano.
Precisamos de comida, água, um teto, amigos e
encontros.
No
livro temos encontros. Encontros com pessoas. Homem
e mulher em várias circunstâncias. Encontro com o
perigo. Com o surpreendente com a vida e com a
morte. E com os deuses com "d" minúsculo. O Livro
afirma que nós os criamos e eles são muitos agora.
Gastamos uma grana com eles. Os criamos para nos
ajudarem com as grandes perguntas e imensas tarefas.
Perguntas sem respostas e trabalhos grandes demais
para nossos ombros. Mas eles não servem para nada...
Cobram caro. Deuses Irrelevantes.
O
caminho não muda... Mas nós mudamos, somos
esculpidos por ele. O caminho é um escultor
paciente...
Há
uma verdadeira ditadura hoje em dia... Aprendemos
que a vida deveria ser plana, reta, com muita
estabilidade e um descanso de sentar e ficar ali
sentados ad infinitum. Mentira!
O
verdadeiro descanso do ser humano é a aventura!
Lutar contra a aventura é gastar uma energia enorme
sem nenhum sentido.
Um
dos personagens do livro descobre que:
"A
única certeza é que vamos deixar o caminho um dia e
que há uma incerteza monolítica à frente: se ele
continua. Por isso o nosso descanso é a aventura, as
rochas, as quedas, o suor, os amigos, o continuar e
as paisagens soberbas: por isso buscamos a Deus e
amigos o que na aventura da vida é a única busca
nobre a nossa disposição". Conto: A Mulher e o
Peixe.
O
livro tem 17 contos.
O
primeiro conto são duas citações de dois grandes
pensadores. Sêneca e Epicuro. Ali eu adoraria que
vocês todos escrevessem o seu conto! Sua aventura.
Os
outros falam dos encontros. Contos/Encontros.
O
conto que dá o nome ao livro, O Descanso do Homem,
quem sabe, é o meu preferido. Não sei se preferido
ou o que mais eu me identifico.
Onde moramos passam muitos catadores.
Sempre os vejo e penso como seria a vida de um
deles. Comecei a pensar em escrever sobre eles. Um
dia numa caminhada – caminho todos os dias – lá por
perto do Cemitério Água Verde, vi um. Um cara
simpático, alto. Um certo diferenciado dos outros.
Criei coragem, fui falar com ele. Fiz algumas
perguntas. Ele gostou... Sentamo-nos no meio fio e
conversamos por umas três horas! Ele falou muito
mais... Saí dali engrandecido. Dei um dinheiro para
ele tomar um café, mas deveria tê-lo convidado à um
lugar chique para um grande café.
O
livro tem um site.
geocities.yahoo.com.br/descansodohomem
Ah, também tem uma comunidade no orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=9102731
E
uma entrevista com um conhecido e brilhante
jornalista de Curitiba.
www.noticiario.com.br
É isso aí! Fiquem à
vontade, conversem e vamos curtir um pouco a noite
juntos. Vamos aproveitar o momento! Quem sabe se
poderemos perguntar àquela pessoa ao nosso lado qual
é a grande aventura, ou o caminho dela?
Experimentem...
Não esqueçam!
Ainda temos muito para
aprender.
Deixo-os com um trecho
de um poema do grande Walt Whitman:
"Não quero o macio
prêmio velho,
e sim o áspero prêmio
novo"!
Obrigado, uma boa
noite.
Mario Nitsche.
Curitiba, 24 de março
de 2.006
|